Monday, March 07, 2011

Na teoria a gente entende muito bem que o que se aprende quando criança, o que marca; carrega pra sempre.
É fácil compreender que uma criança que sofreu muito vai trazer aquilo na personalidade.

Mas acho que passa batido a questão do interesse e do gosto. Da mesma forma que se carrega tudo isso, acho que tudo que gostava quando criança, ainda gosto. As coisas que eu "decidi" quando criança, com tanta convicção de que me seria dado muito fácil, eu ainda fico feliz de ter resolvido na época.

É como se minha versão de 7 ou até 10 anos de idade soubesse exatamente o que eu vou querer daqui 10 anos, ou mais 20.
A cabeça tá menos carregada de tudo que ainda vou aprender, então com 7 anos de idade, tudo que eu sei, é o que eu quero! E quero muito! Independente de família, conceitos religiosos, crenças.
Quando é criança, não se considera dificuldades de vestibular, mercado de trabalho. "Quero ser jogador de futebol". E se perguntar "por que" pra uma criança, a resposta vai ser frustrante pra quem é curioso: "porque sim".

Ultimamente ando trabalhando muito, então sempre penso em como desenhar as coisas. O "estilo".

Ontem achei uma revista que mostra desenhos de desenhistas famosos quando criança. Muito interessante ver que o mais marcante nesses desenhos, eles ainda mantém como adulto.

Não são desenhos deles com 3 anos. Mas com uns 10 e alguns com 12. Dizem que estilo é quando você consegue desenhar com facilidade qualquer coisa. Algo como sua interpretação do mundo.

É difícil saber como interpretar o mundo quando tem tanta coisa no meio do caminho que atrapalha chegar nisso.
Mas quando se é criança, sua cabeça é vazia (na maioria dos casos, no bom sentido). Então tem muito empenho em se desenhar, muita vontade. Sinceramente nem lembro se eu tinha borracha quando era moleque. Desenhos de criança não tem correções e nem dúvidas mentais sobre proporção, perspectiva, luz e sombra, etc.

Tem sido tão bom desenhar... e quando canso de usar o lápis, pegar o pincel e o nanquim, mesmo sem o desenho estar pronto e ir finalizando. Cansar e voltar pro lápis, ir pra outra página.
Então ir pro computador e brincar com as cores.

Sempre que empaquei num desenho, consultei as revistas do Roger Cruz, Ivan Reis, Eddy Barrows. Na maioria das vezes eu até consigo lembrar qual edição cada um fez determinada coisa que vá me ajudar.

Fiquei pensando que deve ser muito mais fácil consultar eu mesmo com 8 anos de idade do que alguém que eu gosto. =)

1 comment:

Gilberto Queiroz said...

Fala, Bruno! Estou tomando posse desses pensamentos. Bacana!
Abraço,