Friday, January 21, 2011

Eu percebi agora, depois de escrever sobre o sol, a lua e tudo ser tão bom que eu esqueço o quanto essas coisas são importantes.
E eu esqueço que elas são importantes porque elas estão sempre ali presentes, cumprindo sua função.
A gente só lembra que tem uma perna quando ela começa a doer.

Hoje uns tios vieram passar uns dias aqui em casa. Alguns outros parentes vieram pra vê-los (incluindo minha irmã com o noivo).
E agora que todo mundo já tá dormindo há muito tempo e eu finalmente parei de trabalhar que pensei nessa noite.

Eu lembro de todo mundo conversando e brincando.
Contando piadas e tomando cerveja. E minha mãe indo pra lá e pra cá. Andando, ocupada, fazendo questão que tudo esteja limpo, tudo esteja arrumado.

Poucos anos depois do meu pai e minha mãe se separarem, as coisas ficaram complicadas por um tempo. Nada demais, mas digamos que a perna começou a doer.

As coisas que eu e minha irmã estávamos acostumados meio que deram uma pausa. Eu tinha por volta de 6 anos e minha irmã 3.

Com a separação, minha mãe veio pra Uberlândia e meu pai ficou em Uberaba, cidade onde eu nasci.
Eu e minha irmã nos acostumamos rápido a ir pra Uberaba a cada 15 dias e dividir os feriados (Natal com minha mãe, Reveillon com meu pai, aniversários e outras datas a gente conversava.).
E sem saber como o cérebro seleciona as nossas memórias (*Roger Cruz), lembro de uma páscoa em que a gente ia pra Uberaba, mas por algum motivo, ao invés de ir todo sábado de manhã, nessa páscoa a gente estava indo numa Sexta-feira à noite.
Minha mãe levou a gente pra rodoviária e sentamos nós 3 nos bancos laranjas da rodoviária (no andar de baixo, perto do bar.)

Quando o ônibus chegou, minha mãe tirou dois ovos de páscoa com uma embalagem que a gente não conhecia. E ela tirou com uma cara envergonhada. Coma cabeça meio baixa, como se não quisesse ver minha cara ou da minha irmã, ela entregou os ovos e abraçou a gente. Pra variar, os ovos de páscoa eram muito caros desde aquela época e, sem muita grana sobrando ela comprou as formas pra fazer pra gente aquele ano.

É uma historinha boba que não tem porque ninguém entender ou sentir nada a não ser eu e minha irmã.

Quando ela separou do meu pai, a gente veio pra Uberlândia e, todos os nosso parentes deixaram de falar com minha mãe (por motivos que geram outro texto). Minha mãe tinha começado faculdade de Artes Plásticas quando ainda era casada com meu pai mas largou quando eles se separaram porque não via como sustentar a gente com isso.
Então fez pedagogia aqui na UFU.

Quando eu e minha irmã tínhamos provas, era sempre no primeiro horário e o resto dia não tinha aula. Então ela levava a gente (mais a minha irmã que era bem mais nova) pras aulas dela.

Não tenho nada de importante pra dizer. Mas é que minha mãe trabalha muito! Muito mesmo! Ela começou como professora de escola estadual e hoje é inspetora da Delegacia de Ensino.
Ninguém vai ver o quanto ela trabalha.
Ninguém vai saber a não ser a gente que tá perto.
Não vão chamar ela pra dar palestras pra falar da vida dela e de como ela conseguiu isso.

Eu amo muito minha mãe. E agora que ela tá ali dormindo, tô com muita saudade dela.
Ela merece mais do que eu jamais vou conseguir dar pra ela.
Acabei de sair do banho.

Antes de resolver tomar banho, eu tava deitado na cama lendo o segundo livro do Musashi.
Deitado de bruços na cama, uma mão no livro e outra no queixo, comecei a sentir meu rosto dormente.

Eu devia tá uns 10 minutos naquela posição.
Mudei depressa, sem tirar os olhos do livro e então lembrei de uma sensação que tive certa vez que estava indo pra São Paulo: Dentro do ônibus, bocejei com o rosto apoiado na mão.
Quando minha boca abriu, meus dedos ficaram cravados na cavidade onde há pouco continha bochechas!
Eu não lembro o motivo de ter assustado, mas comecei a passar a mão com força no meu rosto, sentindo o crânio.
Minha boca estando aberta eu pude sentir com detalhes o maxilar. E fechando os olhos, conforme ia passando a mão, eu visualizava a caveira.

E eu me senti meio injustiçado, como se eu só devesse me dar conta de que sou formado disso quando estivesse perto de morrer ou sei lá.
Acho que qualquer um associa esqueletos e caveiras à morte.
E foi isso que eu senti, como se a morte estivesse dentro de mim, esperando lá, quietinha pra sair.
Não dava pra escapar.
Ela vive em mim, desde pequeno.
Nasce comigo, desenvolve comigo. Se fortalece.
Pareceu uma visão assustadora no dia, e hoje senti a mesma sensação.

Levantei e fui tomar banho. Eu já tinha perdido a concentração mesmo Kojiro se esforçando pra mantê-la enquanto mandava uma carta de duelo a Musashi através de Iori.

Eu costumo tomar banho de luzes apagadas. Ainda pensando na "sensação da caveira", pela janelinha do banheiro, logo ao lado do chuveiro, eu vi a lua. Gigantesca e amarela.
Pensei no sol que nasce e se põe todo dia!
Nunca faltou!
Pode ser que um dia surja nublado, ou que a lua não apareça tanto naquela noite.
Mas a função deles permanece, sempre. Todo dia.
É uma sensação de segurança, que inadvertidamente tomamos e deixamos de notar.

Então fiquei com vontade de fazer xixi, mas apesar das sugestões ecológicas do PC Siqueira, não me aliviei ali no ralo.

E mais pensamentos invadiram. Dessa vez pensando o quanto somos mimados pela criação e desenvolvimento humano.
É tudo divertido. No mínimo bom. Eliminar substãncias tóxicas é divertido.
Não é estranho? Nossa manutenção diária do corpo depende muito pouco da nossa consciência sobre ele mesmo.
Somos guiados pelo prazer e antes de descobrirmos isso por nós mesmos, seja lá quem foi que nos criou, nos fez já sabendo disso.
Então fazer xixi é bom, fazer cocô, reproduzir, comer, respirar profundamente e por aí vai.

Nosso corpo se mantém, automaticamente cuidando das células e renovando todo o nosso corpo a cada 7 anos. E o que o corpo não mantém sozinho, ele não conta com nossa preocupação sobre o mesmo! Conta com nossa busca pelo prazer.
Quer dizer, será que se eu tivesse que tomar conta do meu corpo simplesmente pelo bem-estar dele, eu o faria?

Eliminar toxinas deveria ser motivo suficiente pra fazer xixi. E prover energia pro corpo, motivo suficiente pra comer. É aquela coisa, meiso pra um fim.
Mas se não fosse bom, eu sinceramente me vejo me contorcendo de dor porque fazer xixi é simplesmente incômodo e eu deixei de fazer pra poder assistir tv.

Jerry Seinfeld disse "Se nosso corpo fosse um carro, a gente não comprava!"

E lembro de um episódio de House em que a Cameron descreve pro Chase o que acontece com nosso corpo durante o sexo. É realmente extremamente perigoso! E ela conclui o argumento dizendo que se não fosse extremamente prazeroso passar por tudo isso, a raça humana já teria sido extinta.

Nós somos condicionados, no fim das contas, a ficar parados! Aproveitando a maravilha pronta.

Então, fico entre três caminhos, enquanto procuro um motivo pra tudo ser assim:

1- De fato, essas coisas deveriam sim ser automáticas, porque não devemos prestar atenção nelas. Deve ter alguma outra coisa que deveríamos estar buscando? Quase como se Deus dissesse:
"Não perca tempo cuidando da manutenção do seu corpo, desde que você não o envenene muito, ele irá se regenerar sozinho. Tenho coisas mais importantes pra você pensar e se preocupar. Essa sensação de segurança que dou, é pra você buscar o que importa de verdade. Existe algo que vocês precisam desenvolver pra sobreviver à morte, então te livro da responsabilidade de cuidar desse corpo transitório."


2- "Condiciono vocês a ficarem parados, condiciono vocês a uma vida em que até o mais necessário pra sua sobrevivência é prazeroso simplesmente porque isso é só o que existe. Aceite. Seja feliz. Porque vai acabar."

ou

3- "Deixa de ser um estúpido egocêntrico-diz Deus pro Bruno- O universo é gigantesco e coisas acontecem no micro e macrocosmo que você nem se dá conta. Não importa o significado dessas coisas, porque elas não são só pra você. Nem se quisesse, entenderia."

É um assunto estranho, confuso, doido que passa pela minha cabeça.
Escrever sobre ele me deixa melhor.
Não sei se ler provoca a mesma coisa.

A questão é que, acho que mesmo se o próprio Deus descesse e me desse a resposta, eu não seguiria. Sou humano, inconstante. Vou buscar o prazer, a diversão. Num dia posso acreditar que tudo existe com um propósito; no outro acredito que tudo vai se acabar e preciso mais é que aproveitar; em outro nem lembro que vou morrer e fico sentado fazendo meus desenhos ouvindo Beatles.

Tuesday, January 18, 2011

Hoje quero passar o dia todo dormindo, mereço depois do que fiz a tarde ontem e essa noite.

Monday, January 17, 2011

Tuesday, January 11, 2011

Acabei de perder um texto que passei uma hora escrevendo. Sorte de quem entra aqui. Fica só esse esboço que fiz aqui no photoshop pra aprovação das cores de um personagem.