Tuesday, December 07, 2010

Tem dia que não sai nada no papel.
Não tô dizendo dos dias de desânimo.

Mas tem sim aqueles dias em que você na verdade tá com muita vontade de trabalhar. Você quer testar novas fórmulas, novas idéias. Simplesmente, tá inspirado. E empaca.

Aconteceu isso comigo hoje. Inspiração total pra testar umas coisas. Grandes expectativas com relação a como eu queria que uma ilustração saísse! Planejava, depois dessa ilustração, começar a arte-final de uma outra página.
Mas empaquei num personagem.

Um "rosto" de 3 centímetros de altura travou tudo. Um rosto de um personagem em uma determinada expressão.
Não era preciso virar a folha pra ver que tava tudo torto. Que a expressão não tava natural. Minha intenção e expectativa era um desenho realista legal e caprichado. E saiu o oposto. O completo oposto. Um rosto bobo, caricato demais, arte-final grossa e estranha.
Eu não entendia como podia ter saído tão diferente do que eu queria.

O que me confundia mais ainda, era como eu tinha deixado chegar no estágio do desenho escaneado, tratado e pronto pra colorir pra notar tudo isso?

Eu tava me sentindo um bosta.

Comecei a refazer. Com cuidado, atenção, revendo meus conceitos de anatomia.
Saco.
De novo. Horrível.

Vamos lá, pegar os livrinhos PDF do Andrew Loomis. Que eu fiz de errado?
Hmm... certo, certo. Esquema, esboços, beleza!
Vamos tentar de novo.
E a vida começa interromper, atrapalhar (ou salvar?)
E então é preciso sair de casa e cuidar de afazeres humanos. Levar cachorro pra passear (antes que ele aranque minha epiderme arranhando freneticamente; buscar amiga em rodoviária, comprar passagem pra viajar no dia seguinte(o que aliás podia ter sido feito enquanto buscava minha amiga... mas a cabeça viaja também.)

Então começo a ver essa afastada forçada com olhos de alguém que se acha mais sábio que é.
"É Deus me tirando do meu trabalho. Querendo que eu tenha outra perspectiva e volte descansado pra prancheta". Que bonito.

Me sinto "superior" me rendendo à vontade divina. Sorrio como quem compreende que precisa ter paciência com a vontade divina.

Sentindo que não estou forçando nada, volto sereno pra casa, achando que entendi agora os desígnios divinos.

Sento com calma, olho o que estava saindo errado.
Sorrio tranquilo de novo.
Lápis no papel e sigo confiante.
É agora.

...



mas que %$@#*&%!!!
Fica pra amanhã mesmo.

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