Wednesday, January 11, 2012










This is the first time I use flat colors for a final piece! Really fun!
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É a primeira vez que eu uso cor chapada no trabalho final! Bem divertido!!

Friday, December 02, 2011














Uma explicação rápida do passo-a-passo (em inglês) aqui
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A quick tutorial here

Saturday, August 13, 2011

O sol já está entrando pela janela faz alguns minutos. O alarme está tocando há mais tempo.

Ele senta na cama, os pés tocando o chão frio. Desliga o despertador bem devagar, como se desarmasse uma bomba. Ele na verdade sabe que hoje não será um dia bom.
Ele estará disperso. Então ele pratica seu primeiro ato do dia com a máxima atenção pra tentar focar.

Mas ele se perde quando vê o jornal embolado em cima da cadeira em frente a escrivaninha. Na pagina virada pra ele se lê alguma notícias sobre uma multi-nacional que fechou em 3 países por causa da crise. A maior desde a de 29 dizem.
Mas não teve outra dessa também uns dois anos atrás?

Pela janela um outdoor gigantesco de uma mulher de biquini vermelho segurando uma... cerveja. "Quer dizer, eu acho que é cerveja... não consigo tirar os olhos dela pra conferir."

Ele olha desanimado pras contas a pagar em cima da escrivaninha. É, hoje cada pequeno detalhe ruim vai capturar sua atenção e te manter desconcentrado.

Ele olha pro espelho, pensando na instabilidade de tudo e a única coisa que passa pela sua cabeça é "Por que eu simplesmente não desisto de tudo?"

Ele continua encarando seu reflexo esperando uma resposta.

No banho escuta Wasting Light, cerca de 3 músicas e ele sente as premonições positivas. "Okay, é disso que eu precisava" respira aliviado por ter conseguido escapar das "garras da realidade" pra viver aquele dia no "mundo das possibilidades". Ele pensa assim.

Com um "sorriso das possibilidades" ainda restante em seu rosto, ele vai até o armário e coloca uma coca-cola na geladeira.

Ele agora vai pro ônibus. Está atrasado pro trabalho.

Uma mulher linda está sentada próxima a ele.
Ele olha pra ele e ela está olhando com um sorriso leve pra uma janela acima da cabeça dele.
Ele, por outro lado a olha fixamente.

Ele pensa: olha pra mim, olha pra mim

Ela continua olhando sempre há 3/4 dele em todas as direções.
Ele continua focado, como se estivesse fazendo um esforço mental: olha pra mim, caramba, olha pra mim!

Ela não olha.

"meu Deus, ele está olhando pra tudo em volta de mim, menos pra mim. É preciso um verdadeiro esforço e disciplina pra olhar absolutamente tudo à sua volta exceto uma pessoa à sua frente."

Agora no trabalho. Pilhas de papel à sua frente. O dia vai ser longo.

Sentado já à mesa, encara agora a página inicial do youtube. Ele é um exímio praticante da arte de pensar consigo mesmo.
"Vai trabalhar! Vai trabalhar! Pra que? Quer dizer, tudo está indo pro buraco mesmo. Nada é estável... eu é que devo ser fraco demais... quer dizer, existem pessoas com dinheiro, existem pessoas felizes. Por que eu não consigo?? o que eu tô fazendo errado? O qu eue tô deixando de fazer?
Trabalhar!
"Ocupar a mente e a vida."


É noite e ele está indo embora.


Ele para no drive thru do Habib's. De longe ele vê a atendente bonita de sempre, meio gordinha, mas alguém que ele acredita que gostaria dele.

"Nem tão bonita pra me ignorar, nem tão feia pra eu enjoar."

Os carros da frente estão lerdos e atrás dele está o único carro da fila com o farol alto.


Chega sua vez na cabine.
Ele quer parecer confiante.
Alguém com quem ela pode contar. "Você está nesse trabalho sem rumo? Não se preocupe! Eu estou aqui!" é o que passa pela sua cabeça.

Ele sorri galantemente pra ela, que devolve um sorriso mecânico patrocinado pelo Habib's

"Aposto que ao vir trabalhar ela precisa colocar o avental vermelho, o chapéu amarelo e o sorriso."

"se ela chega um dia sem esse sorriso o gerente deve ser do tipo que diz: ´que cara é essa? esqueceu o sorriso em casa? e então ele vai até o fundo do restaurante e retorna com um sorriso novo em folha pra ela usar aquele dia. Mas é só por aquele dia e ela precisa devolver aquele par de sorrisos sem nenhum dano ao final do expediente."

Desanimado ele está se dirigindo pra nova cabine, a de pegar a comida.

De longe ele percebe que a atendente de lá é nova. É a vez dele de parar e pegar seu pedido.

"Caramba, ela é nova aqui. Que gracinha!"

"Eu lembro de um curso que fiz em São Paulo e meu pai me disse: Lá ninguém te conhece, então ninguém vai esperar que você seja como é aqui. Então seja o que você quer ser. Aproveite!"

"Ela nunca me viu. Vou ser o que eu quero ser. Confiante. Uma rocha."

A atendente mais linda do mundo, vestindo o uniforme que deixaria Angelia Jolie broxante, o veste como se vestisse uma... uma marca de roupa cara. Seus tênis all-star rasgados parecem louboutin em seus pés.

"Oi, querido", ela diz com um sorriso real. Ele frequentava o drive-thru do Habib's o suficiente pra saber que aquele sorriso eles não tinham em estoque.

"1 pizza de calabresa e queijo?"

"Isso", ele diz em tom mais grave e com certeza achando que a conquistará com sua cara de "rocha" e sua voz penetrante.

Ela diz, no tom mais agradável que uma voz pode assumir: "Você pode aguardar ao lado por favor? A pizza demora uns minutinhos."

"Claro" responde dessa vez usando duas sílabas. Uma sílaba a mais de um tom apaixonante que "ela com certeza não resistirá".

"Chama ela pra sair" Agora na vaga 3 metros à frente da cabine de entregas, seu carro estacionado tocando "Needle in the hay"

"Your hand on his arm, the hay stack charm around your neck
strung out and thin"

Ele cantarolando. Adora essa música. Adora Elliott Smith.

Olhando pelo retrovisor ele a vê conversando com o motorista do carro anterior. E mentalmente ele sorri pra si mesmo. "Ha, não é o mesmo jeito que ela me tratou. Aí tem coisa. Vou chamá-la pra gente tomar sorvete."
"needle in the hay
needle in the hay
needle in the hay
needle in the hay"
Que música boa


Pelo retrovisor ela o vê chamando com o dedo. Que adorável. "É a minha chance".

Ele abre a porta e sai de seu Ford Ka 2009, com sua camisa xadrez e uma camiseta branca por baixo como se saísse de uma Ferrari vernelha vestindo armani.

A passos confiantes ele cruza aqueles 3 metros como se fossem uma estrada deserta empoeirada.

E não tem mais ninguém ali. Ele espreme os olhos, com aquela cara que Clint Eastwood patenteou. Clint Eastwood espremia os olhos porque tinha terra e poeira voando no velho-oeste. Não tem poeira no estacionamento do Habib's.

"Oi", voltando pras monossílabas graves, ele a cumprimenta.

"Oi, meu bem! Escuta, desculpa fazer você vir aqui! O pessoal tá todo ocupado! Aqui sua pizza"

"Obrigado, meu anjo" Ele responde. Uau! 7 sílabas. Tom grave. Que chance essa garota tem de resistir??

Ele pega a pizza e ela dá uma risadinha. "Ganhei!"

Ele vai colocar a pizza no carro porque, como todos sabem, ninguém parece sexy chamando alguém pra sair segurando uma caixa de papelão.

Mas os 3 metros da cabine até o carro são o suficiente pra ele interpretar aquela risadinha como uma gargalhada zombeteira contida. "Ela tava te zuando! ´meu anjo?´por que você disse meu anjo??´

Ele completa os 3 metros até seu carro, e entra como se dirigisse um Ford Ka 2009 e vestisse uma camisa xadrez com camiseta branca por baixo.

Ele está em casa, abrindo a pizza e a cheirando. Ele sorri. Esqueceu tudo sobre a vadia do Habib's. Hoje tem episódio novo de Breaking Bad! "Careca, com câncer e ainda assim foda!!"

"Não sei prque eu foco na minha aparência, é questão de atitude mesmo!!"

Colocando ketchup na pizza, 3 cubos de gelo num copo. Tira a coca-zero da geladeira e a forma com que ele despeja no copo é como se fosse em uma propaganda! Só falta as gotículas de água escorrendo pelo copo.

Pizza no colo, copo de coca na mesa ao lado e Breaking Bad na tv. O que mais um homem quer dessa vida?

Naqueles 40 minutos ele é a pessoa mais feliz do mundo. Enquanto assiste ele retorna aos acontecimentos do dia
"Não sei porque essas besteiras me abalam. Eu sou feliz!"

Enchendo a boca de pizza e e olhos arregalados não acreditando no que Walter White vai fazer. "Ele não pode mandar matar o assistente do laboratório! Todo mundo adora o Gabe"

Acabou Breaking Bad. Acabou a pizza e a coca.

Ele desliga a TV e é hora de colocar uns relatórios em dia. Ele olha a pilha de papéis em cima de sua mesa da sala.

O pensamento "pilhas de papéis" recorrente em sua mente o faz pensar se esse não deveria ser nome da empresa em que trabalhava

"Ainda são 22:30. Eu vou jogar um pouco de Fieldrunners pra desestressar do dia... depois tomo um banho e faço isso"


"Caramba, estou péssimo hoje em Fieldrunners. Acho que preciso cercar a saída ao invés da entrada!"


O tempo passa rápido. Já são meia noite, o sono começa a chegar. Ele se levanta num salto, uma tática que ele criou pra acordar.

Mas seus passos não se animam pelo salto e o levam pro trabalho na sala. Olha praquela pilha de cerca de 10 cm de altura.

Ele encara por uns segundos e de repente se toca. "Não olhei meus e-mails hoje" E ele corre pro computador como se estivesse esperando algo urgente. Ele não está.

Nada de novo. Volta pra mesa.

De pé, afunda o rosto nas mãos. "De que adianta? Os EUA em crise e eu trabalho pra uma multinacional. Tudo isso vai é acabar mesmo... eu devia fazer algo que tem futuro. O que tem futuro? O que é estável?"

Mais uma vez seus pensamentos o imobilizam de fazer qualquer coisa.

Ele fica parado por mais uns 20 segundos. De cabeça baixa, olha sua barriga e reclama um "Meu Deus" baixo. Ele pensa nas doenças cardíacas associadas à gordura na região da cintura. Seus olhos se enchem d'água e ele se recrimina se sentindo uma bicha. Uma bicha gorda ainda por cima.

"I want a perfect body... I want a perfect soul" Invade sua cabeça como se morasse por lá.
"Pensamentos viados"

Ele desiste. Entra no chuveiro, toma um banho de 20 minutos escutando Foo Fighters na intenção de resgatar qualquer empolgação presa.

Sai do banho e vai direto pro quarto.

Paralisado pelos pensamentos, não atingiu nada.

Parabéns pelo seu dia de loser. É difícil chegar aqui!
"Amanhã tem mais"

Thursday, August 11, 2011


Essa é uma hq curtinha que tô brincando no Draw Bitch!!
Eu posto uma página por dia, exceto finais de semana!
Comecei ontem e tô colocando aqui as páginas 1 e 2!

There's also in english at Draw Bitch!! A new page everyday! (except weekends)

Saturday, July 30, 2011

Gosto muito dessa história, com o roteiro do Ray Nayler! Essa é a única parte colorida da revista!

Saturday, July 16, 2011


O roteiro dessa hq é do Jason Winn (bem legal!!). A arte é toda minha e as letras são do Shawn Depasquale!

Monday, July 04, 2011

Aqui eu tentei fazer uma arte-final mais solta, toda com pincel.
Não usei caneta dessa vez nem pros detalhes. Eu meio que gostei, mas eu não sei se eu conseguiria usar numa página de hq com vários quadros.

Eu quis tentar com pincel porque gosto muito da arte-final do Skottie Young!
O deviantart dele tem várias coisas legais assim!

Saturday, June 18, 2011



O blog Draw Bitch!! tem me ajudado pra caramba!
Postar todo dia é um exercício bom!

Aqui dois desenhos que postei nos últimos dias.

Wednesday, June 01, 2011

As vezes é difícil postar imagens aqui. Essa conta no blogspot é tão antiga que nem tem a opção de adicionar título aos posts (a não ser postando por e-mail, mas aí também já tive uns problemas).

Mas eu tô sempre postando na minha página do Deviantart
E continuo postando todo dia no Draw Bitch! também.

Monday, May 23, 2011

Novo Blog!!!

Faz tempo que não coloco desenhos aqui...
Eu atualizo com mais frequência o Deviantart (http://bbrunoliveira.deviantart.com)

E agora tô com esse blog: www.drawbitch.blogspot.com

Lá vou postar esboços e exercícios, todo dia um diferente!

Saturday, March 12, 2011


Aqui a capa pronta. Não tive tempo de fazer tudo que eu queria, principalmente na superfície da Lua. As crateras eu fiz com uma imagem separada. Fiz a cratera num arquivo separado no Photoshop, depois copiei e colei sobre a capa. Em outro layer, em modo "Overlay", coloquei a cratera em perspectiva e pronto!

Monday, March 07, 2011



Essa é uma capa que tô fazendo pro Josh Hammonds!


1-Ele queria uma capa com um personagem dele astronauta segurando uma arma (esqueci o nome e o modelo) na Lua. O espaço ao fundo e, se coubesse, um outro astronauta sangrando no espaço -dando a entender, claro, que o primeiro meteu bala no segundo. Ele não queria uma capa estilo "heói" (aquele esquema do cano enorme em primeiro plano e ao fundo tudo acontecendo). Ele pediu uma composição limpa e equilibrada. Essa foi a foto que ele mandou pra eu tirar como exemplo pro traje.


2-Direto na tablet fiz um esboço rápido já colocando minha intenção de cor. Usei as complementares porque achei que o contraste delas funcionava bem com um desenho "parado". Eu expliquei quando enviei esse esboço que entendo os capacetes serem enormes e criarem uma proporção estranha quando a gente vê um astronauta completamente vestido. Ficam parecendo anões. Mas eu pedi pra fazer os Astronautas numa proporção mais interessante e menos realista. Ele aceitou sem problemas, então diminuí os capacetes.


3- Meu scanner deu um problema quando eu tinha terminado o lápis, então tirei foto com o celular pra poder mandar. Nessa versão a lua tá mais arredondada. Eu mudei isso na arte-final, pensando que não fazia o menor sentido a gente poder enxergar a curvatura da Lua! Na arte-final eu me arrependi um pouco disso, porque era uma das coisas que dava profundidade num desenho sem cenário.


4- Aqui a versão finalizada a nanquim. Usei caneta nanquim técnica 0.1 e pincel pêlo-de-marta vermelha (Tigre). O nanquim é o Acrilex. Não sei se dá pra ver na versão do esboço colorido, mas eu tinha feito uma luz leve saindo de trás do astronauta (a idéia era que fosse o brilho do sol de longe atrás da Lua.) Mas eu não gostava da luz amarela saindo de trás do amarelo da Lua (ia dar a sensação de que, por algum motivo, só aquela parte onde o Astronauta tá pisando na lua está brilhando.). Então no esboço coloquei um azul bem escuro. Eu ainda queria algo que separasse melhor o Astronauta do fundo escuro do espaço, então na hora de finalizar, eu dei umas pinceladas mais secas em volta dele (que infelizmente não ficaram tão legais quanto no original, porque na hora de deixar o desenho só preto pra colorização-sem tons de cinza-eu perdi muita coisa). Usei as pinceladas mais secas também no sangue do personagem ao fundo. Eu tinha feito no esboço o "líquido" do sangue se espalhando... mas depois pensei que em gravidade zero e sem pressão atmosférica, as partículas do estado líquido iriam se espalhar de um jeito mais caótico e menos organizado.


5- Eu fiquei mais de um dia pra resolver a cor base. Eu comecei usando as cores que eu tinha feito no esboço, mas não funcionou! Só as complementares roxo-amarelo não funcionou legal. Achei que era melhor usar uma tríade já que eu ia acabar tendo que usar vermelho pro sangue. Fui experimentando com cores mais quentes porque a "agitação" que eu queria não vinha só de quaisquer complementares.

Eu ainda tô trabalhando na renderização e assim que terminar posto aqui!


Na teoria a gente entende muito bem que o que se aprende quando criança, o que marca; carrega pra sempre.
É fácil compreender que uma criança que sofreu muito vai trazer aquilo na personalidade.

Mas acho que passa batido a questão do interesse e do gosto. Da mesma forma que se carrega tudo isso, acho que tudo que gostava quando criança, ainda gosto. As coisas que eu "decidi" quando criança, com tanta convicção de que me seria dado muito fácil, eu ainda fico feliz de ter resolvido na época.

É como se minha versão de 7 ou até 10 anos de idade soubesse exatamente o que eu vou querer daqui 10 anos, ou mais 20.
A cabeça tá menos carregada de tudo que ainda vou aprender, então com 7 anos de idade, tudo que eu sei, é o que eu quero! E quero muito! Independente de família, conceitos religiosos, crenças.
Quando é criança, não se considera dificuldades de vestibular, mercado de trabalho. "Quero ser jogador de futebol". E se perguntar "por que" pra uma criança, a resposta vai ser frustrante pra quem é curioso: "porque sim".

Ultimamente ando trabalhando muito, então sempre penso em como desenhar as coisas. O "estilo".

Ontem achei uma revista que mostra desenhos de desenhistas famosos quando criança. Muito interessante ver que o mais marcante nesses desenhos, eles ainda mantém como adulto.

Não são desenhos deles com 3 anos. Mas com uns 10 e alguns com 12. Dizem que estilo é quando você consegue desenhar com facilidade qualquer coisa. Algo como sua interpretação do mundo.

É difícil saber como interpretar o mundo quando tem tanta coisa no meio do caminho que atrapalha chegar nisso.
Mas quando se é criança, sua cabeça é vazia (na maioria dos casos, no bom sentido). Então tem muito empenho em se desenhar, muita vontade. Sinceramente nem lembro se eu tinha borracha quando era moleque. Desenhos de criança não tem correções e nem dúvidas mentais sobre proporção, perspectiva, luz e sombra, etc.

Tem sido tão bom desenhar... e quando canso de usar o lápis, pegar o pincel e o nanquim, mesmo sem o desenho estar pronto e ir finalizando. Cansar e voltar pro lápis, ir pra outra página.
Então ir pro computador e brincar com as cores.

Sempre que empaquei num desenho, consultei as revistas do Roger Cruz, Ivan Reis, Eddy Barrows. Na maioria das vezes eu até consigo lembrar qual edição cada um fez determinada coisa que vá me ajudar.

Fiquei pensando que deve ser muito mais fácil consultar eu mesmo com 8 anos de idade do que alguém que eu gosto. =)

Saturday, March 05, 2011

Eu tava assistindo um episódio de Six Feet Under (acho que era o episódio 5 da terceira temporada) e fiquei reparando nas pessoas. As coisas que elas diziam que gostavam naquele episódio não combinava com o que ela dizia gostar na primeira temporada, por exemplo.

E lembrei de uma cena do Ratatouille. Remy tá discutindo com o pai sobre como o mundo é, as coisas funcionam, etc.
O pai diz: É assim que as coisas são. Você não pode mudar a natureza.
E Remy diz: A natureza é mudança.

Acho que tenho noções erradas sobre gostos e pessoas. A coisa que eu quero fazer com a minha vida. As pessoas com quem quero viver minha vida.

E não é que eu vá mudar tudo que eu acreditei até hoje por causa de um desenho e uma série de tv. Mas faz pensar.
Que talvez aquela coisa que eu queria fazer o resto da minha vida, eu não leve mais tão a sério (e que isso é até mais divertido).

Que o lugar que eu sempre quis morar desde pequeno, é hoje só o lugar que eu quero passar o final de semana.

E que as pessoas que eu pensei que continuariam na minha rotina e eu na delas, vão passar pela seleção natural. E algns poucos vão sobrar como os melhores amigos que eu vejo de vez em quando. Com quem eu posso contar sempre que eu quiser (e eles comigo), mas que eu não vou mais poder ligar e dizer: para o que você tá fazendo e vamos sair.


Eu sempre fui meio teimoso, brigando pra que tudo se mantenha do mesmo jeito. Os mesmos gostos, as mesmas pessoas e situações. E sempre que eu insisti (ainda mais quando tudo me mandava afastar daquilo porque não tava fazendo bem), eu me fodi.
É diferente quando é uma situação solitária. Se você quer ser jogador de futebol, conta com você e segue.
Mas outras pessoas e situações que envolvem ainda mais pessoas... não dá. Cada um tem seu gosto. E os sonhos vão mudando.


Dá um pouco de medo ver isso acontecendo devagar, tipo estações do ano. Mas é melhor aceitar enquanto existe carinho, lembrança boa e, querendo ou não, amor.

Estabilidade é ruim até quando tudo tá bem. Quando tá mal então, vira conformismo no pior sentido da

Saturday, February 26, 2011

Eu acabei de completar mais um roteiro que tô querendo muito desenhar!

É bom criar uma história que você gosta bastante.
E fico empolgado de saber que um troço que tá só na minha cabeça me deixa mais feliz do que assistir qualquer coisa ou conversar com qualquer pessoa.

Fico deitado na minha cama sorrindo e imaginando várias situações e como resolver com os personagens. Dá uma sensação de quando a gente é criança brincando com os bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco.

Eu vejo entrevistas com diretores, roteiristas e eles sempre falam "Eu quis criar algo que eu gostaria de ver."
E eu achava essa expressão idiota. Parecia uma auto-propaganda estranha e sem explicação nenhuma.

Até que num dia de tédio absurdo, quando a TV tava um saco, o trabalho e o msn também, eu pensei o que eu queria fazer. E eu queria ler alguma HQ.
Vim pra internet pesquisar HQs legais pra baixar.
Tinham alguns reviews em sites sobre HQs nacionais que andam fazendo um sucesso do caramba, consideradas revolucionárias e tudo mais, e pensei em ler! Isso vai me completar hoje (porque acabo achando isso, que tédio é uma porra de uma sensação vazia estranha querendo ficar completa.)

Baixei 3 HQs muito conhecidas hoje em dia, li com grande expectativa e me senti mal quando achei tudo uma merda =/
Eu me sentia como se eu tivesse sem entender alguma coisa na história.

Mas na hora, meti o pau em mim mesmo falando: "Vai lá e faz melhor, seu bosta!"
Eu não queria melhorar a história que eu tinha lido. Eu só queria fazer uma história mais interessante. Que me fizesse passar pelas páginas sem me entediar.

Aí entedi a porcaria do conceito de fazer o que você gostaria de ver.

Acho que é assim que muita coisa surge. Você sente aquele tédio estranho, que precisa ser preenchido e não acha nada pra preencher. E tentar se "desentediar" é procurar alguma coisa que vai calar a boca da sua cabeça. Quando não acha nada, aceita o tédio ou cria alguma coisa.

É um jeito estranho de ir, devagar se desassociando das pessoas e das coisas com as quais não dá pra lidar do jeito que quer... mas um jeito muito bom ainda assim!

Friday, February 25, 2011

Eu tava tentando resolver um problema de um roteiro que tô escrevendo pensando nas soluções lógicas pra história. Eu pensei num final muito legal, mas não sei por que, quando eu escrevia, não ficava bom.

Li e reli o roteiro várias vezes e percebi que o problema não era a história. Eram os personagens.
Eles não tinham nada de específico.

Eu lembrei de quando lia entrevistas com roteiristas de HQ e eles sempre diziam o quanto sabiam sobre o personagem antes de começar a escrever a história.
Diziam que escreviam o passado, presente e o futuro do personagem, mesmo se não fossem usar. Eu sempre achei que era besteira pra parecer profissional, porque as vezes que eu tentei escrever minhas histórias, a parte mais chata era ficar: "Esse personagem gosta de bananas, adora ir ao shopping, etc."

Mas agora deu pra ver o que eu tava fazendo errado. Eu preciso escrever um personagem que eu gosto. Não dá pra ficar descrevendo friamente que o personagem gosta de bananas. Mas talvez eu posso usar coisas que eu gosto/odeio, baseado em amigos, por exemplo. E criar um personagem interessante.
Quando o personagem fica mais real assim, fica fácil colocar uma história em cima.

E funciona com qualquer personagem.
Ando assistindo Six Feet Under enquanto desenho e pra testar se eu tava certo, imaginei o Nate correndo na rua. E de repente pensei em várias possibilidades. Ele podia receber uma ligação do médico sobre exames que ele fez. Ele podia ser interrompido por um acidente na rua que acaba fazendo ele pensar no trabalho dele.

Quando um personagem tem um contexto, um mundo dele, cheio de problemas e soluções, a história é consequência!

Mas ainda assim, é chato sentar e escrever: coisas que esse personagem gosta. Coisas que ele odeia.
E acabou que pra mim deu certo imaginar uma situação curta e colocar várias pessoas nela e considerar como cada um agiria na situação. O que faz o personagem único são coisas pequenas.

Depois que eu vi isso, foi fácil resolver o melhor final pra história.



Wednesday, February 09, 2011

Trabalhar em casa é complicado. Eu falo muito disso porque eu penso muito nisso.
Difícil separar coisa pessoal, profissional; difícil trasnformar hobby em profissão, bla bla.
Mas hoje mais cedo, completamente distraído, raciocinei bastante sobre isso.
Porque quando resumo todas as complicações de se fazer qualquer coisa por um longo período, chego na distração e no foco. E o problema que é um e outro.
Meu trabalho é entregar um tanto de desenhos numa determinada data do mês.
É só isso.
Não tem restrição sobre horário nenhuma. É uma data, uma encomenda.
É pela falta de disciplina que, na maioria das profissões, tem horário pra entrar, intervalo e sair.

Em casa nossa cabeça viaja. O processo psicológico de sair de casa e chegar num local com o intuito de trabalhar, ajuda a focar a mente.

Mas quem não tem isso como faz?
Eu ando criando algumas coisas pra me ajudar. São soluções que, pra mim, dependem do "problema" do dia.

Eu ja falei que minha cabeça cria um problema e me convence de que ele precisa ser resolvido naquele momento.
Racionalmente, eu sei que não precisa. Dá pra esperar eu fazer meu trabalho. Mas a cabeça convence da urgência do problema.
Ela faz isso controlando nosso corpo.
Minha falta de disciplina faz com que eu coma quando tenho fomeme deixando ansioso, as vezes acelerando batimentos cardíacos e por aí vai. E é foda brigar com o corpo

Tuesday, February 08, 2011

Friday, January 21, 2011

Eu percebi agora, depois de escrever sobre o sol, a lua e tudo ser tão bom que eu esqueço o quanto essas coisas são importantes.
E eu esqueço que elas são importantes porque elas estão sempre ali presentes, cumprindo sua função.
A gente só lembra que tem uma perna quando ela começa a doer.

Hoje uns tios vieram passar uns dias aqui em casa. Alguns outros parentes vieram pra vê-los (incluindo minha irmã com o noivo).
E agora que todo mundo já tá dormindo há muito tempo e eu finalmente parei de trabalhar que pensei nessa noite.

Eu lembro de todo mundo conversando e brincando.
Contando piadas e tomando cerveja. E minha mãe indo pra lá e pra cá. Andando, ocupada, fazendo questão que tudo esteja limpo, tudo esteja arrumado.

Poucos anos depois do meu pai e minha mãe se separarem, as coisas ficaram complicadas por um tempo. Nada demais, mas digamos que a perna começou a doer.

As coisas que eu e minha irmã estávamos acostumados meio que deram uma pausa. Eu tinha por volta de 6 anos e minha irmã 3.

Com a separação, minha mãe veio pra Uberlândia e meu pai ficou em Uberaba, cidade onde eu nasci.
Eu e minha irmã nos acostumamos rápido a ir pra Uberaba a cada 15 dias e dividir os feriados (Natal com minha mãe, Reveillon com meu pai, aniversários e outras datas a gente conversava.).
E sem saber como o cérebro seleciona as nossas memórias (*Roger Cruz), lembro de uma páscoa em que a gente ia pra Uberaba, mas por algum motivo, ao invés de ir todo sábado de manhã, nessa páscoa a gente estava indo numa Sexta-feira à noite.
Minha mãe levou a gente pra rodoviária e sentamos nós 3 nos bancos laranjas da rodoviária (no andar de baixo, perto do bar.)

Quando o ônibus chegou, minha mãe tirou dois ovos de páscoa com uma embalagem que a gente não conhecia. E ela tirou com uma cara envergonhada. Coma cabeça meio baixa, como se não quisesse ver minha cara ou da minha irmã, ela entregou os ovos e abraçou a gente. Pra variar, os ovos de páscoa eram muito caros desde aquela época e, sem muita grana sobrando ela comprou as formas pra fazer pra gente aquele ano.

É uma historinha boba que não tem porque ninguém entender ou sentir nada a não ser eu e minha irmã.

Quando ela separou do meu pai, a gente veio pra Uberlândia e, todos os nosso parentes deixaram de falar com minha mãe (por motivos que geram outro texto). Minha mãe tinha começado faculdade de Artes Plásticas quando ainda era casada com meu pai mas largou quando eles se separaram porque não via como sustentar a gente com isso.
Então fez pedagogia aqui na UFU.

Quando eu e minha irmã tínhamos provas, era sempre no primeiro horário e o resto dia não tinha aula. Então ela levava a gente (mais a minha irmã que era bem mais nova) pras aulas dela.

Não tenho nada de importante pra dizer. Mas é que minha mãe trabalha muito! Muito mesmo! Ela começou como professora de escola estadual e hoje é inspetora da Delegacia de Ensino.
Ninguém vai ver o quanto ela trabalha.
Ninguém vai saber a não ser a gente que tá perto.
Não vão chamar ela pra dar palestras pra falar da vida dela e de como ela conseguiu isso.

Eu amo muito minha mãe. E agora que ela tá ali dormindo, tô com muita saudade dela.
Ela merece mais do que eu jamais vou conseguir dar pra ela.
Acabei de sair do banho.

Antes de resolver tomar banho, eu tava deitado na cama lendo o segundo livro do Musashi.
Deitado de bruços na cama, uma mão no livro e outra no queixo, comecei a sentir meu rosto dormente.

Eu devia tá uns 10 minutos naquela posição.
Mudei depressa, sem tirar os olhos do livro e então lembrei de uma sensação que tive certa vez que estava indo pra São Paulo: Dentro do ônibus, bocejei com o rosto apoiado na mão.
Quando minha boca abriu, meus dedos ficaram cravados na cavidade onde há pouco continha bochechas!
Eu não lembro o motivo de ter assustado, mas comecei a passar a mão com força no meu rosto, sentindo o crânio.
Minha boca estando aberta eu pude sentir com detalhes o maxilar. E fechando os olhos, conforme ia passando a mão, eu visualizava a caveira.

E eu me senti meio injustiçado, como se eu só devesse me dar conta de que sou formado disso quando estivesse perto de morrer ou sei lá.
Acho que qualquer um associa esqueletos e caveiras à morte.
E foi isso que eu senti, como se a morte estivesse dentro de mim, esperando lá, quietinha pra sair.
Não dava pra escapar.
Ela vive em mim, desde pequeno.
Nasce comigo, desenvolve comigo. Se fortalece.
Pareceu uma visão assustadora no dia, e hoje senti a mesma sensação.

Levantei e fui tomar banho. Eu já tinha perdido a concentração mesmo Kojiro se esforçando pra mantê-la enquanto mandava uma carta de duelo a Musashi através de Iori.

Eu costumo tomar banho de luzes apagadas. Ainda pensando na "sensação da caveira", pela janelinha do banheiro, logo ao lado do chuveiro, eu vi a lua. Gigantesca e amarela.
Pensei no sol que nasce e se põe todo dia!
Nunca faltou!
Pode ser que um dia surja nublado, ou que a lua não apareça tanto naquela noite.
Mas a função deles permanece, sempre. Todo dia.
É uma sensação de segurança, que inadvertidamente tomamos e deixamos de notar.

Então fiquei com vontade de fazer xixi, mas apesar das sugestões ecológicas do PC Siqueira, não me aliviei ali no ralo.

E mais pensamentos invadiram. Dessa vez pensando o quanto somos mimados pela criação e desenvolvimento humano.
É tudo divertido. No mínimo bom. Eliminar substãncias tóxicas é divertido.
Não é estranho? Nossa manutenção diária do corpo depende muito pouco da nossa consciência sobre ele mesmo.
Somos guiados pelo prazer e antes de descobrirmos isso por nós mesmos, seja lá quem foi que nos criou, nos fez já sabendo disso.
Então fazer xixi é bom, fazer cocô, reproduzir, comer, respirar profundamente e por aí vai.

Nosso corpo se mantém, automaticamente cuidando das células e renovando todo o nosso corpo a cada 7 anos. E o que o corpo não mantém sozinho, ele não conta com nossa preocupação sobre o mesmo! Conta com nossa busca pelo prazer.
Quer dizer, será que se eu tivesse que tomar conta do meu corpo simplesmente pelo bem-estar dele, eu o faria?

Eliminar toxinas deveria ser motivo suficiente pra fazer xixi. E prover energia pro corpo, motivo suficiente pra comer. É aquela coisa, meiso pra um fim.
Mas se não fosse bom, eu sinceramente me vejo me contorcendo de dor porque fazer xixi é simplesmente incômodo e eu deixei de fazer pra poder assistir tv.

Jerry Seinfeld disse "Se nosso corpo fosse um carro, a gente não comprava!"

E lembro de um episódio de House em que a Cameron descreve pro Chase o que acontece com nosso corpo durante o sexo. É realmente extremamente perigoso! E ela conclui o argumento dizendo que se não fosse extremamente prazeroso passar por tudo isso, a raça humana já teria sido extinta.

Nós somos condicionados, no fim das contas, a ficar parados! Aproveitando a maravilha pronta.

Então, fico entre três caminhos, enquanto procuro um motivo pra tudo ser assim:

1- De fato, essas coisas deveriam sim ser automáticas, porque não devemos prestar atenção nelas. Deve ter alguma outra coisa que deveríamos estar buscando? Quase como se Deus dissesse:
"Não perca tempo cuidando da manutenção do seu corpo, desde que você não o envenene muito, ele irá se regenerar sozinho. Tenho coisas mais importantes pra você pensar e se preocupar. Essa sensação de segurança que dou, é pra você buscar o que importa de verdade. Existe algo que vocês precisam desenvolver pra sobreviver à morte, então te livro da responsabilidade de cuidar desse corpo transitório."


2- "Condiciono vocês a ficarem parados, condiciono vocês a uma vida em que até o mais necessário pra sua sobrevivência é prazeroso simplesmente porque isso é só o que existe. Aceite. Seja feliz. Porque vai acabar."

ou

3- "Deixa de ser um estúpido egocêntrico-diz Deus pro Bruno- O universo é gigantesco e coisas acontecem no micro e macrocosmo que você nem se dá conta. Não importa o significado dessas coisas, porque elas não são só pra você. Nem se quisesse, entenderia."

É um assunto estranho, confuso, doido que passa pela minha cabeça.
Escrever sobre ele me deixa melhor.
Não sei se ler provoca a mesma coisa.

A questão é que, acho que mesmo se o próprio Deus descesse e me desse a resposta, eu não seguiria. Sou humano, inconstante. Vou buscar o prazer, a diversão. Num dia posso acreditar que tudo existe com um propósito; no outro acredito que tudo vai se acabar e preciso mais é que aproveitar; em outro nem lembro que vou morrer e fico sentado fazendo meus desenhos ouvindo Beatles.

Tuesday, January 18, 2011

Hoje quero passar o dia todo dormindo, mereço depois do que fiz a tarde ontem e essa noite.

Monday, January 17, 2011

Tuesday, January 11, 2011

Acabei de perder um texto que passei uma hora escrevendo. Sorte de quem entra aqui. Fica só esse esboço que fiz aqui no photoshop pra aprovação das cores de um personagem.

Thursday, December 30, 2010






Hoje o dia todo teve uma característica apostólica. E até muito nostálgica pra um dia. Mas não vou de jeito nenhum explicar isso.

E o que o tédio faz com as pessoas -E tédio sendo algo diferente de "não ter o que fazer", mas querer fazer o que você não tá fazendo na hora.

Pra começar, percebi algumas horas atrás que hoje eu literalmente não emiti som algum.
Não tem ninguém em casa e o telefone não tocou (o que, aliás, foi excelente pro trabalho - grande produtividade).

Quando me dei conta de que não tinha falado nada o dia todo (devia ser por volta de 9 ou 10 da noite) minha loucura ilimitada associada ao tédio solitário criou a brincadeira de não falar mais até o dia 1 de Janeiro.
Parece fácil, mas logo depois que apertei minha própria mão em sinal de concordância, lembrei que os telefones tocarão dia 31 à meia noite.
Eu teria uma tarefa longa e exaustiva pela frente.

Meus esforços estavam concentrados somente em resolver o problema do 31 de Dezembro, mas logo a fome bateu e não tinha nada pra comer (sem pessoas em casa significa sem compras).

Então fui pro elevador e várias pessoas conversavam dentro. Elas estavam bem arrumadas e cheiravam um misto de álcool, perfume e cigarro. Não aquele cheiro de pessoas que fumam, mas o cheiro de "cigarro de boate". Tem diferença.
O que é estranho pra uma quinta-feira, ainda mais nesse horário.

Normalmente sinto um frio na barriga quando encontro pessoas no elevador. Imediatamente recorri a tópicos que poderiam ser abordados nos 40 segundos da viagem até a garagem. Eu não tinha me atualizado das condições de saúde do senhor José Alencar e só tinha sido colocado superficialmente a par dos aparelhos que agora ajudavam Chico Anysio a respirar.

Ri de mim mesmo tentando lembrar se tinha ocorrido algum evento esportivo no dia. Conhecimento inexistente no meu Córtex Cerebral.

Disposto a só dizer "oi" e aguentar os 39 segundos restantes em agonia silenciosa, lembrei assim que abri a boca da greve de silêncio auto-imposta e cancelei o cumprimento.
O que tornou os tais segundos muito mais complicados já que todo mundo reparou que eu deliberadamente cancelei meu cumprimento. (que texto chato)

Já dentro do carro, coloquei um podcast com Adam Hughes como convidado pra tocar.
Não tenho boas memórias de ouvir essa entrevista dele no carro, já que uma vez dirigindo pra Perdizes perdi noção das faixas na rodovia imaginando as cores que ele usou num desenho do Hulk que ele descrevia na entrevista.

Mas já era tarde, sem movimento na rua e pensei que eu não teria problemas. A preguiça não me deixou tentar ir ao Extra, então fui a um posto na Avenida Getúlio Vargas buscando um sanduíche Hot Pocket de Calabresa.
Há semanas venho buscando o preço ideal do Hot Pocket de Calabresa.

* explicação: Os supermercados fazem um rodízio desses preços, sendo que todos tem um preço muito caro e apenas um fica com o valor bem abaixo por um curto período de tempo.
E buscar esse preço ideal é como procurar as Esferas do Dragão.
Assim que você acha, os preços se dispersam pra lugares diferentes e a busca precisa ser recomeçada do zero! Essa teoria também vale pra bolachas Passatempos (só as recheadas de chocolate. Não use essa teoria nas recheadas de morango!!)

Voltando, eu sabia que um posto de gasolina não teria, nem de longe, o preço prometido, então fui consciente de que gastaria cerca de 6 reais num Hot Pocket.
Mas a fome estava apertando, eu me perdoaria.

Cheguei no posto e a atendente mais feliz do mundo conversava empolgadamente. Eu torci pra que ela já conhecesse o cliente e que o tom excitado na conversa se devia há anos sem se verem.
Pra minha infelicidade, ela encerrou a conversa com "volte sempre" (coisa que não se diz pra um amigo... geralmente é "vamos combinar de sair qualquer dia").
Peguei meu Hot Pocket (pouco mais de 5 reais) e fui me dirigindo ao caixa.
Eu fui devagar sem saber como interagir em silêncio, olhando aqueles 102 dentes que me encaravam num sorriso assustador.

Fui de cabeça baixa forçando o raciocínio, dando passos cada vez mais curtos e lentos.

Era impressão minha ou ela parecia estar com as duas mãos apoiadas em extremos opostos do balcão como se fosse me impedir de escapar de uma conversa longa e entediante?
E nem uma conversa curta eu podia (ou queria) ter.

Logo senti o peso no bolso direito do short. Meu celular!
Peguei e, fingindo digitar algum sms extremamente importante, "game face on", entreguei o dinheiro no balcão sem olhar pra ela.

Isso não a intimidou.

"Oi", disse ela e seus 204 dentes (de perto eles pareciam ter se multiplicado... eu estava lidando com uma profissional).

Eu não podia falhar.

Ergui a cabeça seriamente, olhei e esbocei um sorriso.
O troco veio e saí de lá vitorioso (sério, pode parar de ler aqui... esse texto não vai dar num lugar interessante).

Voltando pro carro, a trilha sonora do Tron me trouxe ideias muito interessantes.

Ando meio decepcionado com as séries ultimamente. Essa semana assisti 3 episódios de Psych e resolvi a trama antes dos 20 minutos. O mesmo aconteceu com alguns Law And Orders, Criminal Minds. Só Sherlock Holmes e Monk pra me desafiar...
Minha reclamação mental acabou sugerindo uma ideia realmente inédita pra uma história.
Não a história em si. Definitivamente, acho que todos os "temas" já foram usados.
E a aprofundação desses temas também.
Minha ideia se concentra em temas conhecidos... mas apresentados por "humanos". Óbvio que a explicação fica nisso.
Sem plágios!!

Mas o que eu ia dizendo é que a trilha sonora do Tron me ajudou enveredar por caminhos que eu não tinha resolvido sentado na minha prancheta.

Enfim, voltei pra casa e trabalhei mais um pouco até vir escrever sobre este dia tedioso (e nostálgico... mas não dá pra ver pelo texto).

Ah, detalhe curioso sobre as propriedades invisíveis de um nerd! Passei completamente despercebido ontem no meu prédio.
Uma amiga passou na portaria pra me ver e foi informada pelo meu porteiro de que eu estava viajando! O detalhe é que eu tinha conversado com esse porteiro horas antes!!!

Ah, os desenhos postados são só pra não parecer que eu não tenho feito nada! São 3 trabalhos diferentes! Legal, né?

Tuesday, December 07, 2010

Tem dia que não sai nada no papel.
Não tô dizendo dos dias de desânimo.

Mas tem sim aqueles dias em que você na verdade tá com muita vontade de trabalhar. Você quer testar novas fórmulas, novas idéias. Simplesmente, tá inspirado. E empaca.

Aconteceu isso comigo hoje. Inspiração total pra testar umas coisas. Grandes expectativas com relação a como eu queria que uma ilustração saísse! Planejava, depois dessa ilustração, começar a arte-final de uma outra página.
Mas empaquei num personagem.

Um "rosto" de 3 centímetros de altura travou tudo. Um rosto de um personagem em uma determinada expressão.
Não era preciso virar a folha pra ver que tava tudo torto. Que a expressão não tava natural. Minha intenção e expectativa era um desenho realista legal e caprichado. E saiu o oposto. O completo oposto. Um rosto bobo, caricato demais, arte-final grossa e estranha.
Eu não entendia como podia ter saído tão diferente do que eu queria.

O que me confundia mais ainda, era como eu tinha deixado chegar no estágio do desenho escaneado, tratado e pronto pra colorir pra notar tudo isso?

Eu tava me sentindo um bosta.

Comecei a refazer. Com cuidado, atenção, revendo meus conceitos de anatomia.
Saco.
De novo. Horrível.

Vamos lá, pegar os livrinhos PDF do Andrew Loomis. Que eu fiz de errado?
Hmm... certo, certo. Esquema, esboços, beleza!
Vamos tentar de novo.
E a vida começa interromper, atrapalhar (ou salvar?)
E então é preciso sair de casa e cuidar de afazeres humanos. Levar cachorro pra passear (antes que ele aranque minha epiderme arranhando freneticamente; buscar amiga em rodoviária, comprar passagem pra viajar no dia seguinte(o que aliás podia ter sido feito enquanto buscava minha amiga... mas a cabeça viaja também.)

Então começo a ver essa afastada forçada com olhos de alguém que se acha mais sábio que é.
"É Deus me tirando do meu trabalho. Querendo que eu tenha outra perspectiva e volte descansado pra prancheta". Que bonito.

Me sinto "superior" me rendendo à vontade divina. Sorrio como quem compreende que precisa ter paciência com a vontade divina.

Sentindo que não estou forçando nada, volto sereno pra casa, achando que entendi agora os desígnios divinos.

Sento com calma, olho o que estava saindo errado.
Sorrio tranquilo de novo.
Lápis no papel e sigo confiante.
É agora.

...



mas que %$@#*&%!!!
Fica pra amanhã mesmo.

Monday, December 06, 2010


Quando a gente é criança e alguém te pede um desenho, tenta caprichar ao máximo. É mais divertido porque é pessoal. A opinião da pessoa importa de verdade e chega na hora. Dá pra brincar mais, não preocupar tanto com questões mais técnicas.
Esse desenho foi assim.
Foi um dos que mais gostei de fazer!

Monday, November 08, 2010

Engraçado o quanto a mente é burra.

Mas é tão confiante, que fica difícil ignorar o que ela mostra, manda e em decorrência da velocidade em que fornece “informação” (que na verdade não é fato, mas só a “opinião” da mente) faz a gente sentir determinada coisa.

Então uma situação (qualquer que seja) ocorre. Uma situação que você não esperava.

Bater o carro, por exemplo.
Se você é dos que pensa em excesso, sua mente imediatamente não só reage, mas pondera todas as possíveis merdas que aquilo vai gerar. Consegue imaginar o quanto vai gastar pra arrumar, a dor de cabeça que vai ser lidar com aquilo agora.

Toda expectativa foi criada. E, acho que 9 dentre 10 pessoas que pensam demais, vão normalmente considerar como mais provável, o pior.
Esses pensamentos vem de experiências anteriores. Nossa mente pega a forma que reagimos como uma base pra nos explicar como vamos reagir a essa nova situação.

O que é ridículo, porque mesmo que as situações sejam muito parecidas, só o fato de não terem acontecido ao mesmo tempo, é prova de que será impossível correr exatamente como foi da primiera vez.

Vão ter diferenças que, se a mente deixar, fazem você ver que ela estava errada. Que aquilo não era tão ruim quanto imaginou. Ou que mesmo que seja tão ruim, só de ser diferente já é um grande avanço. (Porque tédio é o que anestesia nossa percepção, nos deixa em piloto automático, como assistir um filme repetido. E perder o interesse é o que tira a vontade de viver).

Mas quem consegue ir contra a mente assim? Ignorar um troço tão inteligente, que é tão valorizado. Que coloca ideias na sua cabeça sem você pedir. Que soluciona problemas.
E mais importante, que parece agir independente do que você realmente é, antes de “você” resolver o que quer, a mente já apresentou a opinião dela.
É quase como se a mente fosse uma coisa e “você” outra.

Esse “você” geralmente é bem quieto. Não fala quase nada. É calmo e paciente, mas não raciocina.
Tem gente que chama isso de “o ser” da pessoa.
Mas os cientistas dividem o cérebro em hemisfério direito e esquerdo.

O esquerdo é o que usamos com mais frequência, é o que comanda a situação que descrevi no acidente de carro. O direito é o que percebe as coisas, que não tem noção do tempo, e é independente de situações passadas (ao contrário do esquerdo, ele não se baseia em algo que já ocorreu pra poder repetir e mostrar pra gente.)

Resumidamente, o lado esquerdo é o frio analista. O lado direito, o sensível que gosta de se divertir.
E pra quem trabalha com desenho, é impossível realizar um bom trabalho (os entendidos que se entendam sobre o que é bom) sem o lado direito.

O problema, é que o lado esquerdo sabe calcular quantas contas você tem pra pagar. Ele pensa sobre sua namorada (o que significa aquilo lá que ela disse ou fez), sobre sua família, sobre “que foi que você tava pensando quando resolveu seguir essa carreira?”

O mais incrível, é que o hemisfério esquerdo, por estar mais presente na nossa vida, é muito convincente. Tão convincente que, mesmo que você tenha provas que tudo anda bem na sua vida, ele consegue te convencer e te derrubar, achando que isso vai te preparar pra quando alguma merda realmente ocorrer.

E nessa briga, lado direito contra o esquerdo, como fazer o direito vencer?
Melhor ainda, por que o direito deveria vencer? (E não acho que vale só pra desenhistas).

Eu odeio meu hemisfério esquerdo. Ele é o melhor advogado do universo. raramente perdeu uma causa.
Mas sempre que perdeu, pro lado direito ainda por cima, sempre me deixou feliz.
Foram as vezes que consegui ir contra todas as merdas que o lado esquerdo me jogava, recusei-as como verdades e fiz meus rabiscos lá, me divertindo.
Lado esquerdo não consegue fazer isso.
As vezes que ele proporciona felicidade, é quando ele consegue criar uma falsa segurança de que tudo vai ficar bem. E entre ficar feliz pelo que eu tô fazendo na hora e ficar feliz por uma promessa dos neurônios, eu prefiro ficar feliz pelo que eu tô fazendo.

Eu preciso lutar todo dia contra o lado esquerdo. Ele tem suas utilidades, mas não deveria ser o hemisfério predominante. E nem o direito aliás. O motivo de ser dois lados de um órgão é que na teoria, os dois deveriam ser utilizados quando fossem necessários.

E briguei sempre, tanto com esse lado esquerdo que insiste em ser o predominante (ainda mais quando eu preciso que ele fique quieto e me deixe viver minha vida, ao invés de pensar e querer me provar que vou perder tal coisa ou pessoa -e que pra isso não ocorrer, preciso tomar medidas urgentes), que já busquei psicólogos, religiões, filosofias, tudo que é coisa que prometia ensinar como controlar essa merda. Um mais ineficiente que o outro. O que foi bom pra descobrir o que não funciona.

E é aí que atinjo meu ponto. É presunção eu achar que posso ensinar algo assim pra qualquer um (quando, quem me conhece, sabe que não dou elogios a esse hábito de pensar demais).
Nem presunção de que alguém vá ler esse texto até o final, eu tenho.
Mas a intenção não era escrever algo útil.
Na verdade, eu escrever aqui é só minha mais nova tentativa de tentar lidar com meu lado esquerdo.
Algum merda me invadiu a mente e ela, como um cachorro empolgado, precisava ser distraída pra me deixar em paz. Ter twitter ou isso aqui são só minhas mais novas formas de tentar controlar minha mente.
Desculpa quem chegou até aqui pensando ter alguma coisa útil.
Mas pra quem tem interesse em saber sobre os hemisfério, aqui tem uma página porca, mas eficiente e muito bem resumida:
















Saturday, November 06, 2010

Eu assassinei alguém hoje.

Pelo menos é essa a sensação.
Eu sempre assisto Criminal Minds e de vez em quando vejo o que o AXN tá passando de CSI. Invariavelmente, os assassinos são descritos (pelos mocinhos) como sendo pessoas que sofreram algum grande trauma (geralmente na infância) e então todos os crimes que eles cometem, são só reflexo do que lhes aconteceu. Tem alguns casos em que alguém já na beira do precipício acaba empurrado por algum “catalisador” (esposa larga, perde o emprego, etc.). Esse catalisador destrava alguma coisa no indivíduo que sai matando.

O que eu acho muito interessante é que os bonzinhos dizem que os assassinatos são a repetição de alguma coisa que aconteceu com eles (ou pelo menos, repetindo o que eles sentem que aconteceu - o que é muito mais importante do que os fatos para a percepção).
Então, raciocinando um pouco, os assassinatos são a expressão do que eles sentem com mais força.
E revisitar a cena do crime, não é só reviver o que eles fizeram, mas também admirar aquela obra.
É isso que acho quando escrevo.
Tenho uma coisa intalada na garganta faz tempo. E eu confesso que tentei diversas vezes colocar pra fora. Seja falando com a pessoa envolvida. Seja xingando ela sozinho no meu quarto. As vezes recebo ajuda do bom e velho subconsciente, que me cria um cenário em que eu possa resolver esses problemas com a pessoa em algum sonho maluco que acaba mal-interpretado.

E faz quatro anos que tentei a alternativa de escrever. E sempre que eu tentava escrever sobre esse assunto, eu perdia noção do horário, ficava sem comer, não conseguia trabalhar nem sair. Ainda assim, nada realmente saía. Era só uma confusão de sentimentos, fatos e opiniões que eu não conseguia definir bem pra contar uma história.
O que é ainda mais bosta. Frustrante pra caralho.
O difícil de escrever sobre uma coisa que realmente te aconteceu e te marcou (assim como o trauma marca o assassino) é que aquilo te marca de tal forma que seu “trabalho” passa a ser querer que a pessoa que leia sinta essa coisa. Mas se eu descrevo exatamente o que me aconteceu, pode ser que ela não sinta o que eu sinto. Afinal, descrevendo exatamente o que aconteceu, eu só consigo lhe passar os fatos. Quando na verdade, a minha interpretação dos fatos é muito mais importante pra sentir determinada coisa que eu quero.

Então como posso contar a história que eu quero e ainda assim, quem quer que leia, sinta o que eu senti?
Essa foi minha pergunta por uns dois anos.
Tentei metáforas, tentei escrever histórias completamente avessas ao que realmente aconteceu.
Mas não adiantava. Eu precisava conseguir combinar os dois. A porra da história e o sentimento.
Finalmente, depois de 4 anos consegui.
Toda a narrativa foi mudada. A história que quero agora segue um rumo que eu não esperava.
E aparentemente, mantive a sensação. Preciso criar coragem pra emprestar pra alguém ler e me dizer.

Mas o que tem a ver tudo isso com o assassinato?

É que tendo conseguido escrever o que eu queria, contando a história que eu queria, fazendo sentir o que eu acho que deveria ser sentido, eu me senti como um assassino que depois de tentar todas as armas e processos, descobre seu Modus Operandi perfeito.

Escrever e ir criando dessa forma fez eu revisitar o que aconteceu.
Foi foda... e muito bom.
Assim como eu imagino um assassinato, mas de experiência muito mais duradoura. Porque tendo escrito, ainda vou fazer os layouts (e eu sei que trarão suas mudanças ao roteiro), desenhar e de preferência colorir.
E finalmente poder morrer com alguma decência.

Friday, September 10, 2010

Quando se é mais novo, sem muita noção do que vai fazer na vida, a gente gosta das bandas, músicas dessas bandas, no meu caso HQs, filmes, etc. Mas a não ser que realmente acredite que possa conhecer alguns (ou qualquer um) desses ídolos, não existe um pensamento sobre “como será que essa pessoa é”.

Quando descobri que HQs eram feitas por seres humanos e que alguns desse seres humanos eram brasileiros, o pensamento chegou no “como será que essa pessoa é”.
E garantido. De todos os meus “ídolos”, poucos alcançaram o que eu imaginava deles. O que na verdade não é muito justo. Minha imaginação é fértil e ver um trabalho que faz você se sentir inspirado, praticamente gera a imaginação de que quem o fez tenha personalidade divina.
De novo, não é justo pro coitado que tá só tentando fazer um bom trabalho.

Mas recentemente eu convivi alguns dias com um dos desenhistas cujo trabalho eu venho “colecionando” há alguns anos. Eu conheci Eddy Barrows há muito tempo, quando ele trabalhava em G. I. Joe. A gente não se falava muito e eu acredito que eu era só mais um dos que gostava do desenho do cara.
Devagar fomos nos falando mais. Logo ele entrou na DC e era impressionante o que ele fazia. Mas ainda não tinha muito contato. Eu era, pela segunda vez na minha vida, o fã babão.

Mas o tempo passou e aconteceu de eu ajudar com algumas traduções de e-mails e até de roteiros (na passagem dele por Birds of Prey, Atom e 52).
Ele sempre me mandava as páginas mais legais, que eu imprimia e guardava. Quando completava um “bolo” de páginas impressas, eu mandava encadernar pra poder ficar olhando na hora de desenhar. Hábito que mantenho até hoje.
O desenho dele é expressivo, extremamente dinâmico, consegue distorcer perspectiva e anatomia sem parecer errado e... eu nunca imaginei como ele seria ao vivo.
Uma passagem extremamente rápida pelo FIQ não foi suficiente pra sequer querer formar uma opinião sobre ele.
Mas dia 3 de Setembro desse ano eu fui “responsável” por buscá-lo no aeroporto e tentar mostrar a cidade, já que ele vinha para o evento Anime Up.

Eu não sabia como seria e eu que tenho as habilidade sociais de um macaco, levei comigo uma amiga que, de tão doce e carinhosa, me faz parecer normal.

Foi uma coisa absurda. Logo de cara, busquei um Eddy Barrows (e sua esposa sorridente Silvana) tranquilo e ao mesmo tempo empolgado (eu não sabia o motivo-então descobri que não tem motivo. Ele-é-assim-o-tempo-todo!).
No hotel, encontramos o pessoal do evento. Todo mundo já tinha criado sua expectativa, imaginado como seria encontrar o desenhista do Superman. O que foi perda de tempo, porque segundo me disseram, acabou ultrapssando todas as esperanças.

Eddy brincava com todo mundo, sempre de bom humor, sempre mostrando as páginas pela milésima vez, explicando tudo de novo como se fosse a primeira delas.
Quando minha empolgação de “encontrar o desenhista do Superman passou”, comecei a prestar atenção no Edu e na Silvana. Os dois eram uma visão extremamente rara. Porque funciona assim na (minha) vida. Se algo é bom, algo ruim precisa existir pra balancear e essa existência ser equilibrada. Então obviamente, observando como a carreira desse profissional tem sido, o quanto ele é humilde e paciente com os fãs; a vida pessoal tinha que ser “igual e contrária”.
Mas na primeira noite que saímos pra jantar, pude ver um com o outro. A forma que falam de si mesmos e entre si. Perguntamos e contaram a história de vida dos dois (que pra descrever aqui, já teria que ser um outro post dividido em sei lá quantas partes) e passei a vê-los de uma forma completamente... “normal”. Um cara com um trabalho, uma esposa e uma família.
Acho que acostumei a ver o trabalho dos quadrinhos como uma coisa tão fora do normal, quase sobrenatural (o_o) que ver sob essa perspectiva foi reconfortante.

Pra quem não sabe, desenhistas costumam ter horários loucos, trabalhando de madrugada e as vezes não desenhando por uns dias. Depois voltando e trabalhando sem parar.
Mas Eddy Barrows acorda cedo e trabalha até meio-dia, para pra comer e as vezes tirar um cochilo. Por volta das 2 da tarde já está na prancheta e segue assim até as 6, quando para pra buscar os filhos na escola.
Quer coisa mais normal que isso?
Pra quem trabalha em casa, sabe o quanto é difícil manter a disciplina.

Eu escrevi e escrevi e mal completei o primeiro dia.
Depois do jantar, fomos ao supermercado Extra. Lá eles compraram algumas coisas que não tinha no hotel e logo vi os olhos vermelhos dos dois. Nem me toquei que meia-noite era tarde demais pra estar na rua quando se costuma dormir as 11 da noite.

Logo devolvemos os dois pro hotel pra uma noite de descanso. Cheguei em casa com conceitos alterados, alguns renovados e um carinho sem volta por esses dois.