Thursday, December 30, 2010






Hoje o dia todo teve uma característica apostólica. E até muito nostálgica pra um dia. Mas não vou de jeito nenhum explicar isso.

E o que o tédio faz com as pessoas -E tédio sendo algo diferente de "não ter o que fazer", mas querer fazer o que você não tá fazendo na hora.

Pra começar, percebi algumas horas atrás que hoje eu literalmente não emiti som algum.
Não tem ninguém em casa e o telefone não tocou (o que, aliás, foi excelente pro trabalho - grande produtividade).

Quando me dei conta de que não tinha falado nada o dia todo (devia ser por volta de 9 ou 10 da noite) minha loucura ilimitada associada ao tédio solitário criou a brincadeira de não falar mais até o dia 1 de Janeiro.
Parece fácil, mas logo depois que apertei minha própria mão em sinal de concordância, lembrei que os telefones tocarão dia 31 à meia noite.
Eu teria uma tarefa longa e exaustiva pela frente.

Meus esforços estavam concentrados somente em resolver o problema do 31 de Dezembro, mas logo a fome bateu e não tinha nada pra comer (sem pessoas em casa significa sem compras).

Então fui pro elevador e várias pessoas conversavam dentro. Elas estavam bem arrumadas e cheiravam um misto de álcool, perfume e cigarro. Não aquele cheiro de pessoas que fumam, mas o cheiro de "cigarro de boate". Tem diferença.
O que é estranho pra uma quinta-feira, ainda mais nesse horário.

Normalmente sinto um frio na barriga quando encontro pessoas no elevador. Imediatamente recorri a tópicos que poderiam ser abordados nos 40 segundos da viagem até a garagem. Eu não tinha me atualizado das condições de saúde do senhor José Alencar e só tinha sido colocado superficialmente a par dos aparelhos que agora ajudavam Chico Anysio a respirar.

Ri de mim mesmo tentando lembrar se tinha ocorrido algum evento esportivo no dia. Conhecimento inexistente no meu Córtex Cerebral.

Disposto a só dizer "oi" e aguentar os 39 segundos restantes em agonia silenciosa, lembrei assim que abri a boca da greve de silêncio auto-imposta e cancelei o cumprimento.
O que tornou os tais segundos muito mais complicados já que todo mundo reparou que eu deliberadamente cancelei meu cumprimento. (que texto chato)

Já dentro do carro, coloquei um podcast com Adam Hughes como convidado pra tocar.
Não tenho boas memórias de ouvir essa entrevista dele no carro, já que uma vez dirigindo pra Perdizes perdi noção das faixas na rodovia imaginando as cores que ele usou num desenho do Hulk que ele descrevia na entrevista.

Mas já era tarde, sem movimento na rua e pensei que eu não teria problemas. A preguiça não me deixou tentar ir ao Extra, então fui a um posto na Avenida Getúlio Vargas buscando um sanduíche Hot Pocket de Calabresa.
Há semanas venho buscando o preço ideal do Hot Pocket de Calabresa.

* explicação: Os supermercados fazem um rodízio desses preços, sendo que todos tem um preço muito caro e apenas um fica com o valor bem abaixo por um curto período de tempo.
E buscar esse preço ideal é como procurar as Esferas do Dragão.
Assim que você acha, os preços se dispersam pra lugares diferentes e a busca precisa ser recomeçada do zero! Essa teoria também vale pra bolachas Passatempos (só as recheadas de chocolate. Não use essa teoria nas recheadas de morango!!)

Voltando, eu sabia que um posto de gasolina não teria, nem de longe, o preço prometido, então fui consciente de que gastaria cerca de 6 reais num Hot Pocket.
Mas a fome estava apertando, eu me perdoaria.

Cheguei no posto e a atendente mais feliz do mundo conversava empolgadamente. Eu torci pra que ela já conhecesse o cliente e que o tom excitado na conversa se devia há anos sem se verem.
Pra minha infelicidade, ela encerrou a conversa com "volte sempre" (coisa que não se diz pra um amigo... geralmente é "vamos combinar de sair qualquer dia").
Peguei meu Hot Pocket (pouco mais de 5 reais) e fui me dirigindo ao caixa.
Eu fui devagar sem saber como interagir em silêncio, olhando aqueles 102 dentes que me encaravam num sorriso assustador.

Fui de cabeça baixa forçando o raciocínio, dando passos cada vez mais curtos e lentos.

Era impressão minha ou ela parecia estar com as duas mãos apoiadas em extremos opostos do balcão como se fosse me impedir de escapar de uma conversa longa e entediante?
E nem uma conversa curta eu podia (ou queria) ter.

Logo senti o peso no bolso direito do short. Meu celular!
Peguei e, fingindo digitar algum sms extremamente importante, "game face on", entreguei o dinheiro no balcão sem olhar pra ela.

Isso não a intimidou.

"Oi", disse ela e seus 204 dentes (de perto eles pareciam ter se multiplicado... eu estava lidando com uma profissional).

Eu não podia falhar.

Ergui a cabeça seriamente, olhei e esbocei um sorriso.
O troco veio e saí de lá vitorioso (sério, pode parar de ler aqui... esse texto não vai dar num lugar interessante).

Voltando pro carro, a trilha sonora do Tron me trouxe ideias muito interessantes.

Ando meio decepcionado com as séries ultimamente. Essa semana assisti 3 episódios de Psych e resolvi a trama antes dos 20 minutos. O mesmo aconteceu com alguns Law And Orders, Criminal Minds. Só Sherlock Holmes e Monk pra me desafiar...
Minha reclamação mental acabou sugerindo uma ideia realmente inédita pra uma história.
Não a história em si. Definitivamente, acho que todos os "temas" já foram usados.
E a aprofundação desses temas também.
Minha ideia se concentra em temas conhecidos... mas apresentados por "humanos". Óbvio que a explicação fica nisso.
Sem plágios!!

Mas o que eu ia dizendo é que a trilha sonora do Tron me ajudou enveredar por caminhos que eu não tinha resolvido sentado na minha prancheta.

Enfim, voltei pra casa e trabalhei mais um pouco até vir escrever sobre este dia tedioso (e nostálgico... mas não dá pra ver pelo texto).

Ah, detalhe curioso sobre as propriedades invisíveis de um nerd! Passei completamente despercebido ontem no meu prédio.
Uma amiga passou na portaria pra me ver e foi informada pelo meu porteiro de que eu estava viajando! O detalhe é que eu tinha conversado com esse porteiro horas antes!!!

Ah, os desenhos postados são só pra não parecer que eu não tenho feito nada! São 3 trabalhos diferentes! Legal, né?

Tuesday, December 07, 2010

Tem dia que não sai nada no papel.
Não tô dizendo dos dias de desânimo.

Mas tem sim aqueles dias em que você na verdade tá com muita vontade de trabalhar. Você quer testar novas fórmulas, novas idéias. Simplesmente, tá inspirado. E empaca.

Aconteceu isso comigo hoje. Inspiração total pra testar umas coisas. Grandes expectativas com relação a como eu queria que uma ilustração saísse! Planejava, depois dessa ilustração, começar a arte-final de uma outra página.
Mas empaquei num personagem.

Um "rosto" de 3 centímetros de altura travou tudo. Um rosto de um personagem em uma determinada expressão.
Não era preciso virar a folha pra ver que tava tudo torto. Que a expressão não tava natural. Minha intenção e expectativa era um desenho realista legal e caprichado. E saiu o oposto. O completo oposto. Um rosto bobo, caricato demais, arte-final grossa e estranha.
Eu não entendia como podia ter saído tão diferente do que eu queria.

O que me confundia mais ainda, era como eu tinha deixado chegar no estágio do desenho escaneado, tratado e pronto pra colorir pra notar tudo isso?

Eu tava me sentindo um bosta.

Comecei a refazer. Com cuidado, atenção, revendo meus conceitos de anatomia.
Saco.
De novo. Horrível.

Vamos lá, pegar os livrinhos PDF do Andrew Loomis. Que eu fiz de errado?
Hmm... certo, certo. Esquema, esboços, beleza!
Vamos tentar de novo.
E a vida começa interromper, atrapalhar (ou salvar?)
E então é preciso sair de casa e cuidar de afazeres humanos. Levar cachorro pra passear (antes que ele aranque minha epiderme arranhando freneticamente; buscar amiga em rodoviária, comprar passagem pra viajar no dia seguinte(o que aliás podia ter sido feito enquanto buscava minha amiga... mas a cabeça viaja também.)

Então começo a ver essa afastada forçada com olhos de alguém que se acha mais sábio que é.
"É Deus me tirando do meu trabalho. Querendo que eu tenha outra perspectiva e volte descansado pra prancheta". Que bonito.

Me sinto "superior" me rendendo à vontade divina. Sorrio como quem compreende que precisa ter paciência com a vontade divina.

Sentindo que não estou forçando nada, volto sereno pra casa, achando que entendi agora os desígnios divinos.

Sento com calma, olho o que estava saindo errado.
Sorrio tranquilo de novo.
Lápis no papel e sigo confiante.
É agora.

...



mas que %$@#*&%!!!
Fica pra amanhã mesmo.

Monday, December 06, 2010


Quando a gente é criança e alguém te pede um desenho, tenta caprichar ao máximo. É mais divertido porque é pessoal. A opinião da pessoa importa de verdade e chega na hora. Dá pra brincar mais, não preocupar tanto com questões mais técnicas.
Esse desenho foi assim.
Foi um dos que mais gostei de fazer!

Monday, November 08, 2010

Engraçado o quanto a mente é burra.

Mas é tão confiante, que fica difícil ignorar o que ela mostra, manda e em decorrência da velocidade em que fornece “informação” (que na verdade não é fato, mas só a “opinião” da mente) faz a gente sentir determinada coisa.

Então uma situação (qualquer que seja) ocorre. Uma situação que você não esperava.

Bater o carro, por exemplo.
Se você é dos que pensa em excesso, sua mente imediatamente não só reage, mas pondera todas as possíveis merdas que aquilo vai gerar. Consegue imaginar o quanto vai gastar pra arrumar, a dor de cabeça que vai ser lidar com aquilo agora.

Toda expectativa foi criada. E, acho que 9 dentre 10 pessoas que pensam demais, vão normalmente considerar como mais provável, o pior.
Esses pensamentos vem de experiências anteriores. Nossa mente pega a forma que reagimos como uma base pra nos explicar como vamos reagir a essa nova situação.

O que é ridículo, porque mesmo que as situações sejam muito parecidas, só o fato de não terem acontecido ao mesmo tempo, é prova de que será impossível correr exatamente como foi da primiera vez.

Vão ter diferenças que, se a mente deixar, fazem você ver que ela estava errada. Que aquilo não era tão ruim quanto imaginou. Ou que mesmo que seja tão ruim, só de ser diferente já é um grande avanço. (Porque tédio é o que anestesia nossa percepção, nos deixa em piloto automático, como assistir um filme repetido. E perder o interesse é o que tira a vontade de viver).

Mas quem consegue ir contra a mente assim? Ignorar um troço tão inteligente, que é tão valorizado. Que coloca ideias na sua cabeça sem você pedir. Que soluciona problemas.
E mais importante, que parece agir independente do que você realmente é, antes de “você” resolver o que quer, a mente já apresentou a opinião dela.
É quase como se a mente fosse uma coisa e “você” outra.

Esse “você” geralmente é bem quieto. Não fala quase nada. É calmo e paciente, mas não raciocina.
Tem gente que chama isso de “o ser” da pessoa.
Mas os cientistas dividem o cérebro em hemisfério direito e esquerdo.

O esquerdo é o que usamos com mais frequência, é o que comanda a situação que descrevi no acidente de carro. O direito é o que percebe as coisas, que não tem noção do tempo, e é independente de situações passadas (ao contrário do esquerdo, ele não se baseia em algo que já ocorreu pra poder repetir e mostrar pra gente.)

Resumidamente, o lado esquerdo é o frio analista. O lado direito, o sensível que gosta de se divertir.
E pra quem trabalha com desenho, é impossível realizar um bom trabalho (os entendidos que se entendam sobre o que é bom) sem o lado direito.

O problema, é que o lado esquerdo sabe calcular quantas contas você tem pra pagar. Ele pensa sobre sua namorada (o que significa aquilo lá que ela disse ou fez), sobre sua família, sobre “que foi que você tava pensando quando resolveu seguir essa carreira?”

O mais incrível, é que o hemisfério esquerdo, por estar mais presente na nossa vida, é muito convincente. Tão convincente que, mesmo que você tenha provas que tudo anda bem na sua vida, ele consegue te convencer e te derrubar, achando que isso vai te preparar pra quando alguma merda realmente ocorrer.

E nessa briga, lado direito contra o esquerdo, como fazer o direito vencer?
Melhor ainda, por que o direito deveria vencer? (E não acho que vale só pra desenhistas).

Eu odeio meu hemisfério esquerdo. Ele é o melhor advogado do universo. raramente perdeu uma causa.
Mas sempre que perdeu, pro lado direito ainda por cima, sempre me deixou feliz.
Foram as vezes que consegui ir contra todas as merdas que o lado esquerdo me jogava, recusei-as como verdades e fiz meus rabiscos lá, me divertindo.
Lado esquerdo não consegue fazer isso.
As vezes que ele proporciona felicidade, é quando ele consegue criar uma falsa segurança de que tudo vai ficar bem. E entre ficar feliz pelo que eu tô fazendo na hora e ficar feliz por uma promessa dos neurônios, eu prefiro ficar feliz pelo que eu tô fazendo.

Eu preciso lutar todo dia contra o lado esquerdo. Ele tem suas utilidades, mas não deveria ser o hemisfério predominante. E nem o direito aliás. O motivo de ser dois lados de um órgão é que na teoria, os dois deveriam ser utilizados quando fossem necessários.

E briguei sempre, tanto com esse lado esquerdo que insiste em ser o predominante (ainda mais quando eu preciso que ele fique quieto e me deixe viver minha vida, ao invés de pensar e querer me provar que vou perder tal coisa ou pessoa -e que pra isso não ocorrer, preciso tomar medidas urgentes), que já busquei psicólogos, religiões, filosofias, tudo que é coisa que prometia ensinar como controlar essa merda. Um mais ineficiente que o outro. O que foi bom pra descobrir o que não funciona.

E é aí que atinjo meu ponto. É presunção eu achar que posso ensinar algo assim pra qualquer um (quando, quem me conhece, sabe que não dou elogios a esse hábito de pensar demais).
Nem presunção de que alguém vá ler esse texto até o final, eu tenho.
Mas a intenção não era escrever algo útil.
Na verdade, eu escrever aqui é só minha mais nova tentativa de tentar lidar com meu lado esquerdo.
Algum merda me invadiu a mente e ela, como um cachorro empolgado, precisava ser distraída pra me deixar em paz. Ter twitter ou isso aqui são só minhas mais novas formas de tentar controlar minha mente.
Desculpa quem chegou até aqui pensando ter alguma coisa útil.
Mas pra quem tem interesse em saber sobre os hemisfério, aqui tem uma página porca, mas eficiente e muito bem resumida:
















Saturday, November 06, 2010

Eu assassinei alguém hoje.

Pelo menos é essa a sensação.
Eu sempre assisto Criminal Minds e de vez em quando vejo o que o AXN tá passando de CSI. Invariavelmente, os assassinos são descritos (pelos mocinhos) como sendo pessoas que sofreram algum grande trauma (geralmente na infância) e então todos os crimes que eles cometem, são só reflexo do que lhes aconteceu. Tem alguns casos em que alguém já na beira do precipício acaba empurrado por algum “catalisador” (esposa larga, perde o emprego, etc.). Esse catalisador destrava alguma coisa no indivíduo que sai matando.

O que eu acho muito interessante é que os bonzinhos dizem que os assassinatos são a repetição de alguma coisa que aconteceu com eles (ou pelo menos, repetindo o que eles sentem que aconteceu - o que é muito mais importante do que os fatos para a percepção).
Então, raciocinando um pouco, os assassinatos são a expressão do que eles sentem com mais força.
E revisitar a cena do crime, não é só reviver o que eles fizeram, mas também admirar aquela obra.
É isso que acho quando escrevo.
Tenho uma coisa intalada na garganta faz tempo. E eu confesso que tentei diversas vezes colocar pra fora. Seja falando com a pessoa envolvida. Seja xingando ela sozinho no meu quarto. As vezes recebo ajuda do bom e velho subconsciente, que me cria um cenário em que eu possa resolver esses problemas com a pessoa em algum sonho maluco que acaba mal-interpretado.

E faz quatro anos que tentei a alternativa de escrever. E sempre que eu tentava escrever sobre esse assunto, eu perdia noção do horário, ficava sem comer, não conseguia trabalhar nem sair. Ainda assim, nada realmente saía. Era só uma confusão de sentimentos, fatos e opiniões que eu não conseguia definir bem pra contar uma história.
O que é ainda mais bosta. Frustrante pra caralho.
O difícil de escrever sobre uma coisa que realmente te aconteceu e te marcou (assim como o trauma marca o assassino) é que aquilo te marca de tal forma que seu “trabalho” passa a ser querer que a pessoa que leia sinta essa coisa. Mas se eu descrevo exatamente o que me aconteceu, pode ser que ela não sinta o que eu sinto. Afinal, descrevendo exatamente o que aconteceu, eu só consigo lhe passar os fatos. Quando na verdade, a minha interpretação dos fatos é muito mais importante pra sentir determinada coisa que eu quero.

Então como posso contar a história que eu quero e ainda assim, quem quer que leia, sinta o que eu senti?
Essa foi minha pergunta por uns dois anos.
Tentei metáforas, tentei escrever histórias completamente avessas ao que realmente aconteceu.
Mas não adiantava. Eu precisava conseguir combinar os dois. A porra da história e o sentimento.
Finalmente, depois de 4 anos consegui.
Toda a narrativa foi mudada. A história que quero agora segue um rumo que eu não esperava.
E aparentemente, mantive a sensação. Preciso criar coragem pra emprestar pra alguém ler e me dizer.

Mas o que tem a ver tudo isso com o assassinato?

É que tendo conseguido escrever o que eu queria, contando a história que eu queria, fazendo sentir o que eu acho que deveria ser sentido, eu me senti como um assassino que depois de tentar todas as armas e processos, descobre seu Modus Operandi perfeito.

Escrever e ir criando dessa forma fez eu revisitar o que aconteceu.
Foi foda... e muito bom.
Assim como eu imagino um assassinato, mas de experiência muito mais duradoura. Porque tendo escrito, ainda vou fazer os layouts (e eu sei que trarão suas mudanças ao roteiro), desenhar e de preferência colorir.
E finalmente poder morrer com alguma decência.

Friday, September 10, 2010

Quando se é mais novo, sem muita noção do que vai fazer na vida, a gente gosta das bandas, músicas dessas bandas, no meu caso HQs, filmes, etc. Mas a não ser que realmente acredite que possa conhecer alguns (ou qualquer um) desses ídolos, não existe um pensamento sobre “como será que essa pessoa é”.

Quando descobri que HQs eram feitas por seres humanos e que alguns desse seres humanos eram brasileiros, o pensamento chegou no “como será que essa pessoa é”.
E garantido. De todos os meus “ídolos”, poucos alcançaram o que eu imaginava deles. O que na verdade não é muito justo. Minha imaginação é fértil e ver um trabalho que faz você se sentir inspirado, praticamente gera a imaginação de que quem o fez tenha personalidade divina.
De novo, não é justo pro coitado que tá só tentando fazer um bom trabalho.

Mas recentemente eu convivi alguns dias com um dos desenhistas cujo trabalho eu venho “colecionando” há alguns anos. Eu conheci Eddy Barrows há muito tempo, quando ele trabalhava em G. I. Joe. A gente não se falava muito e eu acredito que eu era só mais um dos que gostava do desenho do cara.
Devagar fomos nos falando mais. Logo ele entrou na DC e era impressionante o que ele fazia. Mas ainda não tinha muito contato. Eu era, pela segunda vez na minha vida, o fã babão.

Mas o tempo passou e aconteceu de eu ajudar com algumas traduções de e-mails e até de roteiros (na passagem dele por Birds of Prey, Atom e 52).
Ele sempre me mandava as páginas mais legais, que eu imprimia e guardava. Quando completava um “bolo” de páginas impressas, eu mandava encadernar pra poder ficar olhando na hora de desenhar. Hábito que mantenho até hoje.
O desenho dele é expressivo, extremamente dinâmico, consegue distorcer perspectiva e anatomia sem parecer errado e... eu nunca imaginei como ele seria ao vivo.
Uma passagem extremamente rápida pelo FIQ não foi suficiente pra sequer querer formar uma opinião sobre ele.
Mas dia 3 de Setembro desse ano eu fui “responsável” por buscá-lo no aeroporto e tentar mostrar a cidade, já que ele vinha para o evento Anime Up.

Eu não sabia como seria e eu que tenho as habilidade sociais de um macaco, levei comigo uma amiga que, de tão doce e carinhosa, me faz parecer normal.

Foi uma coisa absurda. Logo de cara, busquei um Eddy Barrows (e sua esposa sorridente Silvana) tranquilo e ao mesmo tempo empolgado (eu não sabia o motivo-então descobri que não tem motivo. Ele-é-assim-o-tempo-todo!).
No hotel, encontramos o pessoal do evento. Todo mundo já tinha criado sua expectativa, imaginado como seria encontrar o desenhista do Superman. O que foi perda de tempo, porque segundo me disseram, acabou ultrapssando todas as esperanças.

Eddy brincava com todo mundo, sempre de bom humor, sempre mostrando as páginas pela milésima vez, explicando tudo de novo como se fosse a primeira delas.
Quando minha empolgação de “encontrar o desenhista do Superman passou”, comecei a prestar atenção no Edu e na Silvana. Os dois eram uma visão extremamente rara. Porque funciona assim na (minha) vida. Se algo é bom, algo ruim precisa existir pra balancear e essa existência ser equilibrada. Então obviamente, observando como a carreira desse profissional tem sido, o quanto ele é humilde e paciente com os fãs; a vida pessoal tinha que ser “igual e contrária”.
Mas na primeira noite que saímos pra jantar, pude ver um com o outro. A forma que falam de si mesmos e entre si. Perguntamos e contaram a história de vida dos dois (que pra descrever aqui, já teria que ser um outro post dividido em sei lá quantas partes) e passei a vê-los de uma forma completamente... “normal”. Um cara com um trabalho, uma esposa e uma família.
Acho que acostumei a ver o trabalho dos quadrinhos como uma coisa tão fora do normal, quase sobrenatural (o_o) que ver sob essa perspectiva foi reconfortante.

Pra quem não sabe, desenhistas costumam ter horários loucos, trabalhando de madrugada e as vezes não desenhando por uns dias. Depois voltando e trabalhando sem parar.
Mas Eddy Barrows acorda cedo e trabalha até meio-dia, para pra comer e as vezes tirar um cochilo. Por volta das 2 da tarde já está na prancheta e segue assim até as 6, quando para pra buscar os filhos na escola.
Quer coisa mais normal que isso?
Pra quem trabalha em casa, sabe o quanto é difícil manter a disciplina.

Eu escrevi e escrevi e mal completei o primeiro dia.
Depois do jantar, fomos ao supermercado Extra. Lá eles compraram algumas coisas que não tinha no hotel e logo vi os olhos vermelhos dos dois. Nem me toquei que meia-noite era tarde demais pra estar na rua quando se costuma dormir as 11 da noite.

Logo devolvemos os dois pro hotel pra uma noite de descanso. Cheguei em casa com conceitos alterados, alguns renovados e um carinho sem volta por esses dois.

Friday, August 20, 2010


Exercício ainda inacabado pro curso de Ilustração Digital

Wednesday, June 30, 2010




Não costumo falar sobre o que eu desenho, porque na maioria das vezes foi um trabalho e só. Raramente faço um desenho pra alguém que eu quero fazer, as vezes por falta de tempo.
Engraçado que quando a gente desenha algo pra alguém que gosta, não existe só a preocupação de acertar as questões técnicas. A gente tenta impressionar, demonstrar mais que o desenho consegue. E eu olho pra esse e dá uma desanimada. Ver que ele não consegue mostrar um décimo do que eu quis.

Tuesday, April 27, 2010

Monday, April 12, 2010


Faz mais ou menos 6 ou 7 anos que ela foi. Talvez 8... não lembro bem.
Sentado na prancheta, o frio hoje me lembrou que ela parece estar voltando.

Friday, April 02, 2010


Exercício da aula de Ilustração Digital, com Artur Fujita.